segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Ela não pode mais AMAR!

Ele sempre foi louco por ela.
Daria sua própria vida em troca de qualquer coisa que pudesse fazê-la feliz.
Adorava vê-la sorrir. Era fascinado pelo olhar encantador que ela possuía.
Mas de repente tudo de desfez.
No olhar dela só se via tristeza.
Seu jeito de ser e agir não eram mais o mesmo.
E ele sabia, melhor que qualquer um dos amigos que estavam sempre cercando-a:
Ela estava sofrendo.
Disfarçava da melhor maneira possível, muitos dos amigos não percebiam.
Mas a ele, ela não conseguia enganar.
Ele sabia.
A observava há muito tempo. Conhecia muito bem suas mudanças de humor, seus trejeitos, tiques e manias.
E o que ele via no olhar dela agora era raiva, revolta, dor.
Ele nunca teve coragem de dizer a ela o quanto a amava.
Sabia que ela não era a rainha da popularidade, mas muitos rapazes a cercavam.
O jeito meigo dela, o olhar, o sorriso, o carinho que ela dedicava aos que amava verdadeiramente faziam dela uma garota mais que especial.
Por vezes pensou em conversar com ela, sabia que ela jamais seria grossa a ponto de virar-lhe a cara.
Mas sempre que conseguia juntar toda a coragem que precisava, o "namorado" dela chegava e a levava para longe dele.
Conhecia muito bem a fama do rapaz, contudo sabia que ele era o motivo da felicidade dela. Ela estava sempre sorrindo junto dele e vê-la sorrir não tinha preço.
Agora sabia que algo de errado sucedera.
Ele não aparecia mais, e ela estava sempre a viajar para algum lugar muito distante, mesmo quando estava cercada pelos amigos, ela parecia viajar.
Por vezes a viu chorar escondida.
Sabia o quão orgulhosa ela era e no mínimo não queria preocupar os amigos com coisas que ela julgava serem "besteiras".
Os amigos se preparavam para ir para a aula. A chamaram, ela estava mais uma vez em seu mundo. Fez sinal para eles pedindo que seguissem sem ela. Era a oportunidade perfeita.
Esperou que todos saíssem e a observou por mais alguns minutos. Talvez o "namorado" fosse aparecer.
E parecia que ela esperava que isso acontecesse, olhava para todos os lados, disfarçadamente, como que o esperando.
Mas ele não apareceu.
Levantou-se da cadeira onde estava e foi até a mesa dela.
Ele: Posso sentar?
Ela: Sim... Eu conheço você?
Ele: Já fizemos uma matéria juntos, mas creio que você não se lembra.
Ela: Hum.
Ele: Está tudo bem contigo? Você parece triste.
Ela: Olha, eu não me lembro de você, mas acho que posso conversar contigo sobre isso. Meus amigos jamais entenderiam. Eles gostam de julgar demais as pessoas e eu não os condeno por isso. Somos humanos e sempre cometemos esse erro. Queria que eles me apoiassem, mas ele nunca aprovaram minhas atitudes.
Ele: E por que diz isso?
Ela: Eu amei demais alguém que não merecia minha atenção e eles sempre me disseram para não me apaixonar por esse cara. Ele não presta, você merece coisa melhor, blá blá blá.
Ele: Esse é o cara que sempre vejo com você.
Ela: Sim. Ele mesmo. Eu juro que não queria me apaixonar, mas não podemos mandar no coração. Ele às vezes comete erros irreparáveis, mas isso tudo faz parte do grande aprendizado que é a vida.
Ele: Sim, claro. Mas o que aconteceu?
Ela: Ele mentiu pra mim, me enganou. Roubou meu coração e agora vai mantê-lo guardado com ele para sempre. Cheio de espinhos e farpas, dentro de um baú, junto com todos os outros que ele já despedaçou.
Ele: Isso não se faz. Sempre via vocês juntos, ele parecia te fazer muito feliz.
Ela: Sim ele fazia. Até o momento que deixou a máscara cair.
(Ela deixou algumas lágrimas rolarem)
Ele: Não chore. Eu gosto de te ver sorrindo. Daria qualquer coisa para que você não sofresse.
Ela: Infelizmente não há nada que possa fazer. Nunca mais eu vou me apaixonar.
Ele: Por que não? Não deve pensar assim. Está sofrendo agora, mas um dia isso vai passar e você vai encontrar alguém que vai fazê-la muito feliz, como ninguém mais no mundo a fará.
Ela: Não! Eu já encontrei esse alguém e ele jogou o meu amor pela janela. Destruiu todos os meus sonhos.
Ele: E se você me deixasse tentar? Eu te observo há tanto tempo. Sou fascinado por você.
Ela: Eu não posso me apaixonar por você!
Ele: Por que não?
Ela: Eu não tenho um coração e eu não sinto paixão.
Ele: Mas isso é porque você está sofrendo agora, está desiludida, mas assim que a dor passar e você puder sorrir de forma sincera novamente, tudo mudará e você voltará a sentir todas as emoções que no momento só te deixam mal.
Ela: Isso nunca vai passar.
Ele preferiu não insistir no momento. Despediu-se dela e seguiu seu caminho.
Depois daquela tarde em que conversaram, sempre a via perdida em seu mundo.
Algumas vezes chorava, outras suspirava e em outras apenas perdia o olhar em algum ponto do nada.
Ele aos poucos percebia que:
Ela não pode mais AMAR! A dor que a consome é mais forte que qualquer outro mal da humanidade.
É algo que nunca vai deixá-la. A ferida se fechará, mas a marca vai permanecer para sempre.
E todas as vezes que ela fraquejar, será atingida por um golpe que vai se tornar cada vez menos suportável.
E o desespero a fará pensar que finalmente enlouqueceu, que toda a sua sanidade a deixou.
E ela tentará gritar, mas a voz a abandonará, e ninguém poderá salvá-la desse mal.
E quando não houver mais nenhuma alternativa, ela irá sucumbir.
E ele assistirá a tudo, vendo seu amor desfalecer pouco a pouco, tomada pela loucura e pela dor.
E então, nada mais lhe restará senão morrer junto a ela.

Nenhum comentário:

Postar um comentário